02 julho, 2006

O mais próximo do perfeito

Num final de semana que prometia ser como todos os outros, Ela chega toda sorridente e falante, saindo de da estação do metrô. Senta-se na moto, me abraça forte e seguimos, desviando dos buracos e das linhas de pipa enquanto o sol nos toca com suavidade em meio a violência do vento na estrada.
Era dia do casamento de uma das suas melhores amigas, casamento esse que ela não achava certo por um bom motivo que eu não vou ser besta de falar qual é. Mas mesmo assim Ela foi ao casamento para ver sua amiga, no dia em que o Brasil perdia para a França na copa do mundo. Ela não estava nem aí!
Doente, tossindo muito, com um pouquinho de febre nós chegamos no horário marcado: 18:00. E lá ficamos até às 20:30 quando a noiva resolveu chegar. Ela muito brava com o atraso, mais brava com a pessoa com quem a noiva estava se casando e mais brava ainda com a dor nas costas.
Vendo ela toda arrumadinha daquele jeito, toda nervosa com o que ela não achava certo, vi nela algo que eu ainda não tinha visto. Aliás, nunca enxerguei tão fundo naqueles lindos olhos, nunca tinha conseguido vê-la tão de perto, nunca me senti tão próximo dela como naquele dia.
Seus olhos tinham uma escuridão convidativa, que puxou de dentro de mim a vontade de dizer que eu a amo muito e que Ela é o ser mais importante na minha vida aqui na terra. Puxou minhas travas, meu orgulho, meus pilares, me fez desabar e assim chorei ao dizer tudo o que já devia ter dito para Ela a muito tempo.
E como se acabasse aí, no outro dia deixamos nossos olhos conversarem enquanto eu estava deitado no sofá de casa, junto do colo dela.
Nunca um silêncio falou tanto.
Nunca uma troca de olhares foi tão intensa.
Nunca amei tanto alguém.