10 junho, 2005

E o povo...


Ao caminhar ou dirigir nas ruas de São Paulo, observa-se que as pessoas convivem com o medo. Sempre param em faróis e ficam atentos a qualquer aproximação estranha, andam com a bolsa presa bem junta ao corpo, evitam sair a noite, temem a presença de motoqueiros, que vivem se temendo também... E quando parece que a situação é ruim, ela se torna ainda pior quando percebemos que as pessoas que pagamos para melhorar essa situação, acabam usando o nosso dinheiro para fins próprios já que para eles, as coisas estão muito boas assim, como estão hoje.

Aí aparecem pessoas querendo protestar, lutar para mudar alguma coisa, e o governo absorve esse tipo de movimento para tornar mais um movimento dele e assim travar mais um movimento de mudança. Vão aparecendo mais fulanos tentando mudar o Brasil e o governo absorve mais esse movimento. Os sem terra são talvez a maior demonstração dessa forma de absorção de um movimento pelo governo. Ao invés de simplesmente destrui-lo com a policia, como diversos países da América Latina fizeram, o governo faz com que essas pessoas venham até ele pedir "favores" e assim sempre se manter por cima. Acho que isso é mais uma das coisas que fazem do nosso país tão diferente dos outros países da América Latina. Aqui, ninguém pensa em pegar pedras e jogar no Palácio dos Bandeirantes. Pelo contrario, vamos pegar nossas faixas, ocupar a faixa da direita de uma grande avenida e sair gritando pelo nossos interesses, pedindo para o nosso grande pai, o Estado, nos ajudar.

Sinceramente, não sei se isso foi melhor ou pior para o nosso país. Eu penso que seria muito difícil nosso povo quebrar o país inteiro para manter a Petrobras como uma estatal, por exemplo, assim como o povo da Bolívia esta quebrando o país inteiro para estatizar o gás natural. Mas ao mesmo tempo observamos o povo de Rondônia quebrando o Palácio do Governo por causa das denuncias de irregularidades entre os deputados estaduais. A verdade é que o brasileiro é muito imprevisível.

No fim, vejo que nossos líderes no governo estão deixando o saco das pessoas cada vez mais cheio. E eu acho que não vai demorar muito para o saco dessas pessoas explodir e alguma coisa muito radical acabar acontecendo nesse país. Isso pode acontecer amanhã ou daqui 50 anos, mas quando acontecer vai ser para melhorar. E eu quero estar vivo para ser testemunha do dia em que o povo tomou uma posição de dono do país e passou a tratar o político como mais um dos seus empregados.

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